quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Campanha fortalece ações de combate à violência contra mulheres da Rede Lilás

A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) realizou uma reunião de trabalho na manhã desta quarta-feira (28), para a adesão oficial do Rio Grande do Sul à campanha "Compromisso e Atitude no Enfrentamento à Impunidade nos Crimes de Violência contra as Mulheres". A oportunidade serviu também para unificar as ações ligadas a essa iniciativa, pela perspectiva da Rede Lilás.
A secretária Ariane Leitão afirmou que o objetivo do encontro era aproveitar o momento em que estão sendo fortalecidas as ações de combate à violência contra mulheres e meninas para apresentar a iniciativa. "A campanha faz parte da Rede Lilás, que estamos institucionalizando. Precisamos proteger as mulheres, combater a ideia de impunidade, reforçar que a agressão de mulheres e meninas é crime. E para isso, temos que avançar nas ações interligadas", ressaltou.
Representando o Ministério Público, o promotor público David Medina da Silva afirmou que campanhas como a Compromisso e Atitude podem fortalecer o combate à violência doméstica. E ressaltou a importância da atenção especial aos casos de ameaças, sendo necessário até mesmo modificar a pena para esse tipo de crime, que hoje é mais branda. "Aquele que mata, antes ameaçou", lembrou.
A representante da Defensoria Pública, Jamile Nehmé de Toledo, coordenadora do Núcleo Especializado de Atendimentos das Mulheres Vítimas de Violência, ressaltou a importância do trabalho de prevenção aos casos de agressões a mulheres e meninas, e lembrou a importância da realização de reuniões periódicas para o fortalecimento da Rede Lilás.
Para o representante do Tribunal de Justiça, juiz corregedor Antônio Claret Flores Ceccato, a campanha é mais um caminho no combate à violência doméstica. Ele lembrou que, para fortalecer o trabalho da Rede Lilás, o TJ criou a Coordenadoria Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar.
A OAB esteve representada na reunião por Delma Silveira Ibias, presidente da Comissão da Mulher na entidade. Ela frisou que a instituição é parceira da SPM no trabalho de combater os casos de agressão contra a mulher. O procurador geral do Estado, Carlos Henrique Kaiper, afirmou, no evento, que a PGE dá grande atenção aos direitos humanos e às questões de gênero. Para ele, o aumento no número de denúncias de casos de violência doméstica reflete as políticas instituídas para debater essa temática.
O secretário da Segurança Pública, Airton Michels, afirmou que os quatro órgãos vinculados à pasta - Brigada Militar, Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam), Instituto Geral de Perícias (IGP) e a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) - estão inseridos no trabalho de fortalecer a Rede Lilás. Ele frisou ainda que o primeiro passo para diminuir a violência contra as mulheres é reduzir a violência como um todo no país.
Secretário-executivo do Conselho Estadual do Desenvolvimento Econômico e Social (Cdes), Marcelo Danéris comentou que é preciso mudar a cultura de que violência contra a mulher não é crime. E frisou que o Cdes está disposto a auxiliar nessa mudança cultura.
Estiveram presentes no evento também a juíza titular do Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Porto Alegre, Madgéli Frantz Machado; o diretor do IGP José Cláudio Teixeira Garcia, e a coordenadora da Sala Lilás do IGP, Andrea Brochier Machado; pela Susepe, Anelize Pereira de Moura; a coordenadora das DEAMs, Anita Klein; o representante do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), Conrado Paulino da Rosa; a coordenadora da Assessoria Superior do Governo do Estado, Juçara Maria Dutra Vieira; a secretária-adjunta da Casa Civil, Mari Perusso; a assessora de Direitos Humanos da Susepe, Maria José Diniz; representantes da Secretaria da Educação (Seduc), Helena Martins, e da Secretaria da Saúde, Nadiane Lemos; a comandante Tenente Coronel da Brigada Militar, Nádia Genhard; a presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Rosana Leivas; Maria Elena Estrazuras, do Gabinete dos Prefeitos e Relações federativas; e Loiva Dietrich, representando a Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos.
Fonte: Site SPM/RS

Alvorada terá Patrulha Maria da Penha e Delegacia de Atendimento à Mulher

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) realizou uma reunião preparatória para a implantação da Patrulha Maria da Penha e da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), em Alvorada, nesta segunda-feira (26). O projeto, que já atua nos Territórios de Paz de Porto Alegre - Rubem Berta, Lomba do Pinheiro, Restinga e Santa Tereza - também será implantado em Caxias do Sul, Canoas, Esteio, Passo Fundo, Santa Cruz do Sul e Vacaria. 

A Patrulha Maria da Penha integra a Rede de Atendimento da SSP, que foi idealizada pelo Fórum de Pró-equidade de Gênero Raça/Etnia. O grupo trata das questões voltadas ao enfretamento à violência doméstica e desenvolve políticas públicas de amparo a mulheres que sofrem esse tipo de agressão. Além disso, trabalham de forma integrada com os Centros de Referências, Casas Abrigos e, também, centros de Saúde para que as vítimas recebam os primeiros atendimentos necessários e saiam rapidamente da situação de vulnerabilidade. 

O município de Alvorada ainda não dispõe de uma Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, por esse motivo, o projeto de reforma da sede da 3ª delegacia de Polícia já está pronto e sendo analisado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). A ideia é que a DEAM funcione no mesmo prédio, mas com entradas individuais para que a privacidade das vitimas seja mantida. A previsão é concluir a reforma ainda neste ano e a DEAM iniciar operação até início de 2014. 

Com a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher em funcionamento, será possível a integração da Polícia Civil com a Brigada Militar no projeto da Patrulha Maria da Penha. Essa transversalidade no trabalho das polícias do Estado é uma proposta inédita de Governo. A Patrulha Maria da Penha, atuando em conjunto com a Polícia Civil, já tem apresentado resultados positivos na redução dos índices de violência e no enfrentamento a violência doméstica nos municípios onde atua. 

A reunião, na prefeitura, contou com a presença do prefeito de Alvorada, Sérgio Bertoldi. "É fundamental que a rede de atendimento atue de forma integrada. Estamos à disposição para colocar esse trabalho em prática e buscar resultados positivos", garantiu Bertoldi. 

Segundo a chefe de gabinete da SSP, Raquel Gomes, a iniciativa é uma ação de Governo inédita na segurança pública. "Temos o compromisso diário com o enfretamento à violência doméstica. É fundamental que essas vítimas tenham o acolhimento da rede de atendimento", disse. Também estavam presentes na reunião a deputada estadual Stela Farias, representantes da Brigada Militar, Polícia Civil e secretários municipais da Saúde, Direitos Humanos e Segurança Pública. 

Como funciona a Patrulha Uma Patrulha Maria da Penha é composta por quatro policiais militares que fazem rondas para acompanhar os casos de violência doméstica e o cumprimento das medidas protetivas. As equipes contam com policiais militares selecionados em razão do conhecimento prévio da região e do contato diário com as comunidades. A Patrulha também contará com viatura com identificação própria, tablets com acesso à internet, pistolas, coletes à prova de bala e armas taser. 

Polícia Civil 
Diariamente, relatórios são produzidos e repassados para a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, integrando o trabalho com a Polícia Civil. 

Sala Lilás Para oferecer um atendimento mais humanizado às mulheres vítimas de violência, o Instituto-Geral de Perícias criou a Sala Lilás, instalada no Departamento Médico Legal, para integrar o projeto. O objetivo é oferecer um espaço diferenciado e acolhedor para que a vítima não se sinta exposta na sala de espera e não tenha contato com o agressor. 

Susepe A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) integrou-se ao projeto com a incumbência de comunicar à rede de atendimento e à vítima quando o agressor for colocado em liberdade - para que a mulher e seus filhos possam receber o apoio necessário. 


Fonte: Site SSP/RS

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Presidenta Dilma recebe no Congresso Nacional relatório da CPMI da Violência Contra a Mulher

A presidente da República, Dilma Rousseff, afirmou que a violência contra a mulher terá "tolerância zero" em seu governo. Ao receber o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigou a Violência contra a Mulher, Dilma assumiu o compromisso de adotar as propostas da CPI, como subsidio, na implementação de políticas públicas para combater a violência contra a parcela feminina da população. O documento foi entregue pela presidente da comissão, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), e pela relatora, senadora Ana Rita (PT-ES), em sessão solene do Congresso Nacional na qual também se celebrou os sete anos da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006).
Dilma garantiu que vai atuar em parceria com os demais poderes da República, em todas as instâncias, e com as organizações da sociedade, para ampliar e humanizar as estratégias de acolhimento e proteção da mulher vítima de violência.
Para isso, ressaltou a presidente, serão construídas uma Casa da Mulher em cada unidade da federação. Até o próximo Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de maio, ela prometeu que algumas dessas 27 casas já serão inauguradas.
Segundo Dilma, as casas vão oferecer mais qualidade para proteger com humanidade e acolher com eficiência as vítimas de violência. A presidente ainda ressaltou a necessidade de punição dos agressores para o combate efetivo da violência contra as mulheres.
- Sem impunidade, diminui a violência – observou a presidente, ao  ressaltar ainda que o seu governo defende a igualdade entre homens e mulheres.
Votações
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que os 13 projetos de lei e o projeto de resolução sugeridos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigou a Violência contra a Mulher serão votados pelo Senado nesta quarta-feira (28) e quinta-feira (29).
Entre as propostas, explicou ele, está uma que altera a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), o Código Penal (Decreto-lei 2.848/1940) e a Lei dos Crimes de Tortura (Lei 9.455/1997) para incluir o crime de feminicídio.

Até 2011, informou Renan Calheiros, pela Lei Maria da Penha foram instaurados mais de 685 mil procedimentos judiciais, dos quais 408 mil já foram julgados. Também foram realizadas 27 mil prisões em flagrante e  4.200 prisões preventivas.
De acordo com o presidente da Casa, pesquisa realizada pelo Data Senado mostra que 34% das entrevistadas apontam o medo, a dependência financeira e a criação dos filhos como os principais fatores inibidores de denúncias de violência contra mulheres. Renan ressaltou ainda que, conforme a pesquisa, 43% das brasileiras já foram vítima de violência doméstica.
- Esses dados nos levam a refletir sobre novas estratégias e políticas para reduzir a violência contra as mulheres – observou Renan Calheiros.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Deputada irá propor Frente Parlamentar para acompanhar recomendações da CPMI ao RS

O relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) – Capítulo RS, do Congresso Nacional, que investigou a situação da violência doméstica e familiar no Brasil, foi apresentado oficialmente na sexta-feira (23) pela Senadora Ana Rita (PT/ES), relatora do documento, durante evento promovido pela deputada Ana Affonso (PT), no Memorial do Legislativo. A senadora veio ao Rio Grande do Sul especialmente para a atividade e apresentou aos dirigentes de instituições e gestores públicos os dados e 56 recomendações específicas ao Governo do Estado, Ministério Público e Defensoria Pública.
Com mais de mil páginas, o Relatório da CPMI coloca o Brasil na sétima posição no ranking entre os países mais violentos do mundo. O Rio Grande do Sul ocupa a 19º posição entre os mais violentos entre as 27 unidades da federação.
Participaram da atividade os secretários de Segurança, Airton Michels; da Secretaria de Políticas Para as Mulheres (SPM), Ariane Leitão; o representante da Procuradoria Geral de Justiça (MP), David Medina da Silva; do Tribunal de Justiça, Antônio Ceccato; do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Fabiane Dutra; a Coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública, Jamile de Toledo; a Coordenadora da Patrulha Maria da Penha, Comandante Nádia Gerhardt.


Mais justiça
Na ocasião, a Senadora Ana Rita apresentou as recomendações aos órgãos públicos do Estado e enfatizou a necessidade de mais estruturas de proteção às mulheres vítimas de violência além de mais agilidade no julgamento dos processos e condenação dos agressores, por parte da justiça. A Defensoria Pública reconhece a necessidade de qualificar o serviço de atendimento às mulheres e ampliar a infraestrutura de proteção, para que as vítimas sintam mais segurança através da Rede de Proteção dos vários órgãos que atuam na área.
A Procuradoria da Justiça considera a necessidade de se enfrentar a ‘leniência’ da legislação brasileira e ressaltou que, atualmente, o sistema judicial protege o delinquente. David Medina da Silva lembrou que a pena para o crime de ameaça à vida é de apenas um mês de detenção mas enfatizou que não há assassinos de mulheres absolvidos no RS. “É preciso educação contra a violência nos currículos das escolas”, entende. O Tribunal de Justiça adiantou que está ampliando as comarcas no interior do estado e garantiu que serão criados mais juizados especializados de atendimento às mulheres vítimas de violência, para desafogar os mais de 20 mil processos que se acumulam na única vara especializada existente, na capital.
A deputada Ana Affonso encerrou o evento anunciando que irá propor uma Frente Parlamentar de Acompanhamento das Recomendações da CPMI para o RS. “Precisamos de mais informação e maior articulação entre o sistema de proteção nos órgãos públicos”, finalizou.

7 anos da Lei Maria da Penha: efetivação dos direitos é processo permanente


Entrevistas exclusivas avaliam as conquistas e desafios no campo dos direitos das mulheres após sete anos de vigência da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). Representantes das entidades parceiras da Campanha Compromisso e Atitude, operadores do Sistema de Justiça, gestores públicos e especialistas sintetizam o quadro colocado para enfrentar a violência contra a mulher no Brasil hoje. Entre os entrevistados, estão a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, o conselheiro Ney Freitas, do Conselho Nacional de Justiça, o secretário para Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, Flávio Caetano, entre outros. Confira. 

A LEI NÃO CONVIVE COM A IMPUNIDADE 

Eleonora Menicucci, ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) 

O caminho para enfrentar a violência doméstica é ampliar a implementação da Lei Maria da Penha. O Brasil mudou muito nestes 7 anos. Hoje, a legislação não convive com a impunidade: ela pune, com no mínimo 3 anos de cadeia, e também mexe na conta bancária do agressor com as indenizações regressivas ? o agressor terá que devolver à União, por meio do INSS, tudo o que for gasto com as indenizações e pensões. 

A atuação do Estado de forma integral foi outro ponto que avançou imensamente nestes 7 anos. O exemplo disso é que, no dia 13 de março, no lançamento do Programa Mulher Viver sem Violência, que visa a integração dos serviços, tínhamos os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o presidente do CNJ, o procurador-geral da República, a representante da Defensoria Pública ? todos sentados na mesma mesa no Planalto. Essa integração está se capilarizando para os Estados: não existe hoje no Brasil, entre os 27 Estados, algum um que não esteja articulando essa relação para implantar o programa. Temos que ter tolerância zero com a violência contra as mulheres e eu acredito que a parceria entre todos os órgãos e a sociedade para efetivar a Lei é o caminho. 

INTEGRAÇÃO DOS SERVIÇOS É FUNDAMENTAL 

Aparecida Gonçalves, secretária de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da SPM-PR 

Nestes 7 anos, aumentou o número de medidas protetivas de urgência, mas também aumentou o número de mulheres que foram assassinadas mesmo com a medida protetiva na mão. Então, precisávamos criar um instrumento e novas formas para que o serviço público desse conta desse acompanhamento. É aí que entra o Programa Mulher Viver sem Violência, que tem o objetivo de trabalhar o atendimento integral à mulher em situação da violência, com a Casa da Mulher Brasileira, que vai colocar todos os serviços no mesmo espaço físico. 

Com isso, o Programa traz um elemento que responde a uma questão forte que observamos nestes sete anos: a necessidade de integração dos serviços. Hoje, existe uma grande dificuldade em realizar um acompanhamento efetivo, pela rede de atendimento, da mulher que recorre ao Estado e, com isso, muitas vezes nós perdemos essa mulher no meio do caminho, entre um serviço e outro ela acaba saindo da rede. Este é um desafio que persiste, após os 7 anos da Lei e que coloca a necessidade de repensarmos nossas estratégias. 

ACESSO À JUSTIÇA AVANÇOU, MAS AINDA É DESIGUAL 

Flávio Caetano, secretário para Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça 

A lei foi um grande avanço para o país, temos hoje um marco legal no combate à violência contra a mulher que é considerado exemplar no mundo todo. A partir dela, há uma mudança na cultura jurídica e na consciência das pessoas. O acesso à Justiça também mudou bastante porque hoje temos uma lei que pune com rigor aquele que agride a mulher. Antes tínhamos um grande problema porque não existia uma lei específica. Havia até entendimentos do Poder Judiciário e, pontualmente, agressões contra a mulher podiam ser consideradas como lesões leves, que se resolviam com uma pena alternativa, como a doação de cestas básicas. Isso não existe mais. 

Além disso, a Lei prevê um atendimento global e especializado à mulher. Em relação ao Sistema de Justiça, passamos a ter os Juizados Especializados de Violência Doméstica e os Núcleos no Ministério Público e nas Defensorias. Entretanto, ainda há muito a ser feito, pois os juizados ainda estão muito concentrados nas capitais. Nosso desafio agora é dar maior capilaridade a isso e integrar definitivamente os órgãos de Justiça, de Polícia e assistência social e psicológica. 

SISTEMA DE JUSTIÇA CAMINHA PARA ABSORVER VISÃO DE GÊNERO 

Ney José de Freitas, conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 

O Poder Judiciário avançou em absorver a visão de gênero que a Lei demanda nestes sete anos, não como devia, pois os passos ainda são lentos, mas é um processo de transformação que é demorado. Temos uma situação muito antiga de violência contra a mulher e que vem se alterando fundamentalmente depois da Lei Maria da Penha. 

O assunto não é mais invisível, os tribunais estão mais preocupados com esta questão. A criação de Varas Especializadas em violência contra a mulher ainda é muito lenta, mas temos uma recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para expansão dessas Varas e ela tem tido eco, os tribunais têm atendido, não estão mais em uma situação de inércia e de indiferença em relação a este tema. O importante é que toda caminhada, por mais longa e difícil que seja, sempre depende do primeiro passo. 

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA SAIU DA INVISIBILIDADE 

Marcus Antônio de Souza Faver, presidente do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça 

A maior virtude da Lei em um primeiro impacto foi a conscientização do Poder Judiciário de que era preciso se adequar e preparar os seus juízes para enfrentar um problema que tem especificidades muito grandes ligadas aos aspectos sociais, econômicos e culturais da realidade brasileira. As mulheres não podem e não devem ficar permanentemente sufocadas, elas têm que recorrer ao Judiciário, ao passo que Judiciário tem que estar preparado para ouvir essas mulheres. 

O segundo impacto foi chamar a atenção da população para a questão da violência doméstica, que ficava amortecida, uma vez que prevalecia a ideia de que era assim mesmo que as coisas aconteciam e a realidade brasileira não iria mudar. Eu até fico me perguntando se a violência aumentou ou se a divulgação evidenciou um problema que já existia. De todo modo, esse foi outro grande valor da Lei: abrir um tumor que estava aí e estamos todos tomando consciência de que ele é mais profundo do que à primeira vista parece. 

ESPECIALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS GERA RESPOSTAS MAIS EFICAZES 

Álvaro Kalix Ferro, juiz representante do CNJ e presidente do Fonavid (Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher) 

Não há dúvida de que o Judiciário teve avanços consideráveis nestes 7 anos. O CNJ teve papel fundamental, pois, por meio de Recomendação e Resolução, instou os Tribunais de Justiça a criarem e instalarem os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, nos termos da Lei Maria da Penha, bem como as Coordenadorias da Mulher no âmbito desses Tribunais. Os Tribunais se empenharam nisso e hoje contamos com cerca de 70 Juizados no País. 

A especialização gera um trabalho mais adequado e eficiente e a previsão legal e a implantação desses Juizados foram primordiais para a busca dessa especialização. Porém, é preciso ressaltar que vários desses juizados instalados já estão com sobrecarga de trabalho e tantos outros precisam ser criados, o que merece atenção especial, conforme recente pesquisa realizada pelo CNJ. É necessária, ainda, a integração entre Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e as áreas de Segurança Pública, Saúde, Assistência Social e Educação para obtenção de resultados mais efetivos no combate a essa violência, aliás, como a própria Lei Maria da Penha prevê. 

CRIAÇÃO DE SERVIÇOS REQUER COMPROMISSO DE ESTADO 

Leila Linhares Barsted, advogada da ONG Cepia (Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação), que atuou no consórcio de formulação da Lei Maria da Penha 

Houve um grande avanço com a Lei Maria da Penha, mas é um avanço que não está necessariamente consolidado. No campo dos direitos das mulheres o tempo todo somos ameaçadas de retrocesso no contexto da cultura machista e patriarcal. O fato de criarem serviços não significa que os poderes assumiram um compromisso ideológico, digamos assim, com a consolidação dos direitos constitucionais das mulheres, com o fortalecimento de uma cultura da não violência e com uma boa aplicação do acesso à Justiça pelas mulheres. 

A criação de serviços não significa necessariamente valores e compromissos de Estado, que são essenciais. Então, não basta que se crie o Juizado de Violência Doméstica, é importante que os Tribunais de Justiça se orientem pela correta aplicação da Lei, a todas as mulheres sem distinção, e partam também do princípio de que são responsáveis pela diminuição da violência e da impunidade. 

MULHERES ASSUMIRAM PROTAGONISMO NA PRODUÇÃO DE PROVAS 

Lindinalva Rodrigues Dalla Costa, promotora de Justiça do Mato Grosso e membro da Comissão Permanente de Promotores da Violência Doméstica (Copevid) do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais de Justiça (CNPG) 

O papel desempenhado pelo Ministério Público para garantir proteção às mulheres em situação de violência mudou muito após estes 7 anos. O Ministério Público atua nesta área específica sempre sob a perspectiva dos direitos humanos das vítimas, que pela primeira vez assumiram o protagonismo na produção das provas e finalidade da prestação jurisdicional. 

Após a decisão do STF de fevereiro de 2012 sobre a constitucionalidade da Lei, o Ministério Público busca cada vez mais a padronização de entendimentos e medidas mais eficazes para fiscalizar a aplicação da Lei Maria da Penha e garantir a proteção das mulheres em situação de violência doméstica. 

MEDIDA PROTETIVA É FERRAMENTA VALIOSA 

Márcia Teixeira, promotora de Justiça da Bahia e coordenadora da Comissão Permanente de Promotores da Violência Doméstica (Copevid) do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais de Justiça 

A medida protetiva é o principal recurso da Lei em um estágio em que não há como adotar outras opções de intervenção para a prevenção de novas agressões e até do homicídio. É uma ferramenta usada, muitas vezes, em situações que parecem ser irreversíveis e que tem, então, um sentido de freio, de concretizar a intervenção do Estado e interromper o ciclo de violência para que a gente possa tomar um fôlego e dar continuidade à conclusão do inquérito policial e ao acolhimento da mulher em situação de violência. 

É uma intervenção que encoraja muito as mulheres a seguir em frente, porque elas vislumbram outras possibilidades para viver sem violência e sentem um empoderamento grande pelo simples fato de o seu agressor ser afastado. Aqui no Ministério Público da Bahia observamos que, como existe uma morosidade para chegar ao julgamento final, as medidas protetivas são de extrema necessidade; é muito bom poder lançar mão dessa ferramenta para uma intervenção imediata. 

DEFENSORIA PRECISA DE MAIS NÚCLEOS ESPECIALIZADOS 

Jeane Magalhães Xaud, presidente da Comissão da Mulher do Conselho Nacional dos Defensores Públicos-Gerais (CONDEGE) 

Após a edição da Lei Maria da Penha, não só na Defensoria Pública, mas em todo o Sistema de Justiça houve uma mudança significativa na atenção às mulheres em situação de violência, que antes eram tratadas como apenas mais um caso e, com a especialização colocada pela Lei, todo o Sistema de Justiça foi obrigado a lançar um olhar mais humano para essas mulheres. A Defensoria Pública também mudou bastante nesse sentido. 

Claro que nós ainda estamos nos adequando, até por conta das nossas deficiências orçamentárias e a diferença entre os Estados. A maioria das Defensorias ainda não tem os Núcleos de Defesa da Mulher instituídos, salvo nas grandes capitais. Nós estamos trabalhando em todos os Estados para tentar melhorar esse quadro, e fazendo o que é possível dentro das nossas condições orçamentárias, estruturais e de pessoal para atuar na defesa dos direitos dessas mulheres, como prevê a Lei Maria da Penha. 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Site do Banco Mundial destaca a Sala Lilás do IGP/RS















O site do Banco Mundial na Internet https://blogs.worldbank.org/latinamerica/pt/o-rio-grande-do-sul-se-veste-de-lil-s-pelo-fim-da-viol-ncia-contra-mulher publicou, nesta quarta-feira (07), a apresentação da Sala Lilás do IGP/RS, em Porto Alegre, através deste texto da corregedora-geral do IGP e coordenadora estadual da Sala Lilás, Andréa Brochier Machado:

“O Rio Grande do Sul se veste de lilás pelo fim da violência contra a mulher

Imagine a cena: você, mulher, sofre algum tipo de violência – física, psicológica, sexual, por exemplo – e vai ao Departamento Médico-Legal para fazer o exame de corpo de delito. Lá, machucada no corpo e na alma, você precisa dividir a sala de espera com a mesma pessoa que a agrediu. Enquanto isso, do lado de fora, a todo momento passam presos acompanhados pelas polícias Civil ou Militar.
De posse do número de ocorrência e dos pedidos de exames periciais, você chega ao guichê de atendimento. Depois, espera em um saguão o momento de ter acesso à clínica. Faz os exames, mas em nenhum momento perguntam a origem da violência – se foi fruto de uma agressão originada pela violência doméstica. No fim, o caso torna-se apenas mais um nas estatísticas criminais.
Imaginou? Em pleno aniversário de sete anos da Lei Maria da Penha, uso essa descrição para mostrar o que milhares de brasileiras já viveram. E, também, para falar como o tratamento às vítimas está melhorando no Rio Grande do Sul.
Há quase um ano, em 25 de setembro, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) inaugurou no Departamento Médico-Legal a Sala Lilás. Trata-se de um espaço acolhedor, diferenciado, para as mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.
Na Sala Lilás, as mulheres têm total privacidade enquanto aguardam o atendimento para as perícias física e psíquica, são recebidas pelo serviço psicossocial e fazem o retrato falado digital.

Em busca de provas
A perícia física compreende o exame de lesões e a coleta de material biológico para exames periciais. A psíquica, feita com técnicas internacionais de entrevistas a vítimas, é fundamental para a elaboração da prova pericial nos crimes sexuais em que não haja prova material.
Já o serviço psicossocial foi criado para ajudar as vítimas de violência doméstica e familiar e de abuso sexual. Assistentes sociais reúnem informações sobre as condições sociais dos usuários e, a partir delas, fazem um melhor encaminhamento à rede social de proteção. O retrato falado digital, por sua vez, é feito no Photoshop. A vítima é atendida por profissionais qualificados.

Além disso, usa-se um kit padronizado de coleta de material para vítimas de agressão sexual e são oferecidas vestes íntimas descartáveis. Com isso, a mulher não precisa se constranger enquanto a lingerie original – muitas vezes contendo vestígios de sêmen do agressor – é recolhida e encaminhada para análise com as demais amostras coletadas.
O kit de coleta de material para vítimas de agressão sexual já está sendo utilizado nos 36 Postos Médico-Legais do RS. Agora, queremos também instalar a Sala Lilás em todos os postos do interior do estado.

Dados qualificados
Paralelamente a esse atendimento 24 horas, o IGP trabalha na qualificação dos dados e na análise estatística da violência doméstica e familiar. Usamos um software desenvolvido especialmente para gerenciamento, controle e emissão dos trabalhos periciais, com recorte de gênero e controle do número de casos de agressões. Só com dados qualificados é possível planejar uma resposta eficiente a essa violência.
A divulgação desse trabalho sempre traz surpresas. Por exemplo, depois de ver uma reportagem com o relato de uma vítima atendida na Sala Lilás, uma senhora nos ligou para obter mais informações e desabafar. Como ela era de classe média alta e não sofria agressões físicas constantes, não se julgava uma vítima de violência doméstica.
O desejo de todos os envolvidos no trabalho da Sala Lilás é de que ela e outras vítimas procurem a polícia e a justiça. Estamos de portas abertas para recebê-las.”

Fonte: blogs.world bank.org – Site do Banco Mundial
Fotos: Ascom IGP/RS        

Convite: Convite Debate sobre a Lei Mra da Penha - SPM-RS


GO e DF recebem unidades móveis para mulheres

Governo Federal vai doar unidades móveis de atendimento a estados e municípios para prestar serviços de acolhimento e orientação às mulheres em situação de violência no campo e na floresta. Nesta quarta-feira (21), o ministro da Saúde,Alexandre Padilha, participou da cerimônia de entrega dos quatro veículos realizada pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) para atender esse público, sendo dois para o Distrito Federal e dois para o Estado de Goiás. Com isso, cerca de 200 trabalhadoras rurais serão beneficiadas.
As doações do governo federal fazem parte do compromisso assumido em 2011pela presidenta Dilma Rousseff diante das reivindicações das trabalhadoras rurais que compõem a Marcha das Margaridas. Uma das principais conquistas desse movimento foi a criação, em 2007, do Fórum Nacional Permanente de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta, do qual fazem parte dez órgãos governamentais – entre eles, o Ministério da Saúde, e oito organizações da sociedade civil. Ao todo serão doados 54 veículos (dois por estado). O valor unitário de cada unidade móvel é de R$ 550 mil. A Paraíba foi o primeiro estado a receber as unidades, entregues no início do mês.
Cada unidade móvel é composta de duas salas equipadas para atendimento multidisciplinar, cujos serviços oferecidos dependerão da articulação feita com as prefeituras. Prioritariamente, serão envolvidos o sistema de justiça, segurança pública e atendimento psicossocial. A gestão de logística e o itinerário dos ônibus são de responsabilidade dos governos estaduais e dos municípios, com monitoramento da SPM e do Fórum Nacional de Enfrentamento à Violência no Campo e na Floresta.
A entrega das unidades móveis compõe a agenda do programa “Mulher, Viver sem Violência” / Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, do governo federal. O principal objetivo é ampliar o acesso e proteção dessas mulheres pela Lei Maria da Penha.
Políticas integradas – Ao lado da ministra das Mulheres, as ministras Marta Suplicy (Cultura), Maria do Rosário(Direitos Humanos) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e os ministros Alexandre Padilha (Saúde), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), além do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz e o Senador Romero Jucá, reforçaram o compromisso das suas pastas com a prestação de serviços de saúde, justiça, segurança pública, assistência social, em constante interlocução com as trabalhadoras rurais e os movimentos sociais feministas e de mulheres.
“O governo decretou tolerância zero à violência contra as mulheres e estamos cobrindo o país, com o reforço dos serviços públicos nas capitais e no interior. Essa é a primeira vez que a política de enfrentamento chega ao campo. O principal objetivo é implantar um modelo de atendimento multidisciplinar com base nas ações de proteção previstas na Lei Maria da Penha, que hoje está efetivamente implantada em todos os rincões do país, inclusive na área rural. A presença desses ônibus no campo e na floresta representa a participação do Estado nesses locais, além da garantia, controle, monitoramento das ações e a proteção das vidas dessas mulheres”, declarou a ministra Eleonora Menicucci.
Atenção Integral – O Ministério da Saúde desenvolve ações específicas de enfrentamento da violência às mulheres do campo e da floresta. Uma delas é o fortalecimento da rede de atenção integral às mulheres vítimas de violência sexual conforme as diretrizes da Norma Técnica de Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra as Mulheres e Adolescentes, ATSM/MS nos dez territórios da cidadania – com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Até o momento, foram realizados seminários nas cidades de São Mateus (ES) e Posse (GO), além de São Lourenço do Sul (RS), que acontece na próxima semana. Além disso, as equipes dos hospitais de referência para atendimento das mulheres em situação de violência sexual farão estágio em serviços especializados de Belo Horizonte (MG) para qualificação dos serviços.
O Ministério da Saúde também firmou parceria com o Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva de Campinas-SP (Cemicamp) por meio do projeto Superando Barreiras para capacitar equipes no atendimento às mulheres em situação de violência sexual, especialmente as dos municípios do campo e da floresta. Este ano os municípios de Tefé e Parintins (AM), Colatina (ES), Uruguaiana (RS) e Corumbá (MS) já receberam a capacitação.
ENFRENTAMENTO – As ações de combate à violência contra as mulheres, no âmbito da saúde, incluem treinamento dos profissionais em toda rede pública de saúde e ampliação da notificação de violência e dos serviços que prestam assistência às mulheres em situação de violência e abortamento legal. Hoje são 620 serviços de atendimento às mulheres em situação de violência sexual e doméstica, além de 65 serviços de abortamento legal.
Além disso, em março deste ano foi assinado pela presidente Dilma Rousseff o Decreto nº 7.958 para integrar e humanizar o atendimento às vitimas de violência sexual realizado por profissionais da segurança pública e doSistema Único de Saúde (SUS). O decreto soma-se a ações já desenvolvidas pelo Ministério da Saúde.
Em janeiro de 2011, o governo federal universalizou a notificação de violências doméstica, sexual e outras agressões para todos os serviços de saúde, incluindo as notificações na relação de doenças e agravos registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde. E também fortaleceu aRede de Núcleos de Prevenção de Violências e Promoção da Saúde.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Pela Plena Implementação da Lei Maria da Penha: A luta das mulheres pelo direito a uma vida sem violência, por Flávia Piovesan

Flávia Piovesan é procuradora do Estado, professora doutora da PUC/SP nas disciplinas de Direitos Humanos e Direito Constitucional e membro do CLADEM (Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher) e do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.
Mapa da Violência 2012 publicado pelo Instituto Sangari, aponta que, de 1980 a 2010, foram assassinadas no país mais de 92 mil mulheres. A mesma pesquisa ressalta que duas em cada três pessoas atendidas no SUS são mulheres vítimas de violência doméstica ou sexual.
Como compreender o fenômeno da violência contra a mulher? Qual tem sido a resposta da ordem internacional a esta grave violação aos direitos humanos das mulheres? Qual tem sido o impacto da Lei Maria da Penha na experiência brasileira? Quais são os desafios e perspectivas para assegurar às mulheres uma vida livre de violência?
Fruto de reivindicação do movimento de mulheres, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher foi adotada pela ONU em 1979, sendo hoje amplamente ratificada por 187 Estados. Embora a Convenção não explicite a temática da violência contra a mulher, o Comitê da ONU sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher adotou relevante Recomendação Geral sobre a matéria, realçando que: “A violência doméstica é uma das mais insidiosas formas de violência contra a mulher. Prevalece em todas as sociedades. (…) A violência baseada no gênero é uma forma de discriminação que seriamente impede a mulher de exercer seus direitos e liberdades com base na igualdade com relação ao homem.”
O secretário-geral da ONU, em 8 de março de 2013, reiterou o compromisso das Nações Unidas no combate à epidemia mundial de violência contra a mulher. Segundo a ONU, 7 em cada 10 mulheres no mundo já foram vítimas de violência física e/ou sexual em algum momento de sua vida (dado da Campanha UNite to End Violence Against Women). Por sua vez, a Comissão sobre o Status da Mulher aprovou, em sua 57ª sessão, em março de 2013, uma resolução demandando expressamente que os Estados acelerem seus esforços para desenvolver, revisar e fortalecer políticas para combater as causas estruturais de violência contra mulheres e meninas, incluindo discriminação e estereótipos de gênero, desigualdades e o desequilíbrio nas relações de poder entre homens e mulheres, entre outros fatores. Alude, ainda, à necessidade de empreender esforços com vistas a erradicar a pobreza e as persistentes desigualdades econômicas, sociais e legais, principalmente por meio do fortalecimento da participação econômica de mulheres e meninas, como forma de diminuir o risco de violência. No mesmo sentido, a relatora especial da ONU sobre a Violência contra a Mulher tem realçado a necessidade de fortalecer due diligence standards(*), envolvendo tanto a prevenção, como a repressão à violência no campo da responsabilidade do Estado.
A Declaração da ONU sobre a Eliminação da Violência contra a Mulher de 1993 e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará)de 1994 reconhecem que a violência contra a mulher, no âmbito público ou privado, constitui grave violação aos direitos humanos e limita total ou parcialmente o exercício dos demais direitos fundamentais. Definem a violência contra a mulher como “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública, como na privada”.A violência baseada no gênero ocorre quando um ato é dirigido contra uma mulher, porque é mulher, ou quando atos afetam as mulheres de forma desproporcional. Afirmam que a violência baseada no gênero reflete relações de poder historicamente desiguais e assimétricas entre homens e mulheres.
A Convenção de Belém do Pará elenca um importante catálogo de direitos a serem assegurados às mulheres, para que tenham uma vida livre de violência, tanto na esfera pública como na esfera privada. Consagra ainda deveres aos Estados-partes, para que adotem políticas destinadas a prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher.
É neste contexto que nasce a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340), em 7 de agosto de 2006, instituindo, de forma inédita, mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, bem como medidas para a prevenção, assistência e proteção às mulheres em situação de violência.
Diversamente de dezessete países da América Latina, o Brasil até 2006 não dispunha de legislação específica a respeito da violência contra a mulher. Aplicava-se a Lei nº 9.099/1995, que criou os Juizados Especiais Criminais (JECrim) para tratar especificamente das infrações penais de menor potencial ofensivo, ou seja, aquelas consideradas de menor gravidade, cuja pena máxima prevista em lei não fosse superior a um ano. Contudo, tal resposta mostrava-se absolutamente insatisfatória, ao endossar a equivocada noção de que a violência contra a mulher era infração penal de menor potencial ofensivo e não grave violação a direitos humanos. Pesquisas demonstram o quanto a aplicação da Lei 9099/95 para os casos de violência contra a mulher implicava a naturalização e legitimação deste padrão de violência, reforçando a hierarquia entre os gêneros. Os casos de violência contra a mulher ora eram vistos como mera “querela doméstica”, ora como reflexo de ato de “vingança ou implicância da vítima”, ora decorrentes da culpabilidade da própria vítima, no perverso jogo de que a mulher teria merecido, por seu comportamento, a resposta violenta.
No campo jurídico a omissão do Estado Brasileiro afrontava a Convenção de Belém do Pará, ratificada em 1995. É dever jurídico do Estado atuar com a devida diligência para prevenir, investigar, processar, punir e reparar a violência contra a mulher, assegurando às mulheres recursos idôneos e efetivos.
Leia a reportagem na íntegra aqui

Lançamento da Patrulha Maria da Penha em Charqueadas


O município de Charqueadas passa a contar com uma Patrulha Maria da Penha para combater a violência contra a mulher na Região do Baixo Jacuí. O lançamento oficial aconteceu nesta segunda-feira (19), durante reunião de apresentação na Prefeitura do município, onde foram expostos os planos de ação da Patrulha e as iniciativas do Governo do Estado para redução dos crimes contra a mulher. 

O diretor administrativo da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), Marcio Cairuga, destacou o apoio da instituição em benefício das comunidades onde atua, ressaltando que mais de R$ 200 mil foram repassados a Charqueadas para a implantação de projetos sociais. E, para reforçar a eficiência da Patrulha Maria da Penha, Cairuga fez a entrega de um dispositivo portátil Tablet com acesso à internet para compor os serviços na região. 

O equipamento irá auxiliar a BM na Região Carbonífera do Baixo Jacuí. Em maio deste ano a CRM já havia doado um automóvel, modelo Zafira Elite 2005, ao Projeto Patrulha Maria da Penha.

Conforme a comandante do 19º BPM e responsável pelas Patrulhas Maria da Penha no Estado, cel. Nadia Gerhard, é fundamental a integração dos órgãos públicos no enfrentamento. Segundo ela, através da Patrulha Maria da Penha, a Brigada Militar funciona como os olhos da Polícia Civil e do Judiciário, significando efetivamente a proteção do Estado. "É uma polícia restaurativa, pós delito e que serve de encorajamento para que haja testemunhas", frisou. 

O major José Renato Romano dos Santos, do 28º BPM Charqueadas, ressaltou a necessidade da região contar com a Patrulha, tendo em vista que sedia uma penitenciária onde ocorrem muitos crimes contra as mulheres. 

Conforme dados da Secretaria Estadual da Segurança Pública, a violência contra a mulher é uma epidemia mundial. Após a criação da Secretaria de Política para as Mulheres pelo governador Tarso Genro, em 2011, os órgãos de segurança passaram a contar com estatísticas inexistentes até então. 

Um exemplo preocupante dos índices é que neste ano, já ocorreram mais de 60 femicídios no Estado, na maioria, cometidos pelo marido ou companheiro. Os dados apontam que são mais de três estupros por semana e, em 83% dos casos de crimes registrados, o cenário é a própria residência da vítima. 

O funcionamento da Sala Lilás, do Instituto Geral de Perícias para atendimento de mulheres que sofreram violência e a atuação da Polícia Civil, por meio das Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher também foram expostos. 


Fonte: SECOM

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dupla Ba-Gua realiza jogo pelo fim da violência contra as mulheres

Uma rivalidade histórica de 93 anos ficou de lado neste domingo quando a dupla Ba-Gua entrou em campo no clássico realizado no estádio Estrela D’Alva, em Bagé, denominado Pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
No jogo, válido pela segunda divisão do Campeonato Gaúcho, os atletas do Bagé e Guarany entraram em campo unidos por um tema e uma faixa com a inscrição ‘Violência contra a mulher Não’, e pediram aos torcedores e torcedoras a eliminação de todos os tipos de violência e abuso contra mulheres e meninas. Antes da partida foi apresentada a Frente Parlamentar dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres da Assembleia Legislativa, coordenada pelo deputado estadual Edegar Pretto, e com trabalho municipal em Bagé coordenado pelos vereadores Rafael Fuca e Lelinho Lopes. Foram distribuídos para as torcidas ‘Cartões Vermelhos’, símbolo da campanha pelo fim da violência de gênero.
“A Frente Parlamentar quer dialogar com homens para o tema do enfrentamento da violência de gênero. Uma das ações é conversar diretamente com público masculino que frequenta estádios. Na maioria dos casos registrados de violência e assassinatos de mulheres, o agressor é o próprio marido, namorado ou companheiro. As estatísticas nos apresentam números assustadores, portanto os homens precisam desta sensibilização”, explica Edegar Pretto.

Atualmente, 50 Câmaras de Vereadores aderiram a Frente Parlamentar e estão criando as Frentes Municipais, como já ocorreu em Bagé. O objetivo é fortalecer a rede de proteção com políticas públicas e ações descentralizadas em todo o RS.
O clássico Ba-Gua deste domingo, vencido pelo Bagé por 1 a 0, foi o quarto jogo promovido pela Frente Parlamentar em parceria com a Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Clubes, e Campanha Ponto Final na Violência contra Mulheres e Meninas. Em 2011 e 2012 foram realizados Gre-Nais na capital. Em 2013 a final da Taça Farroupilha, realizada em Caxias do Sul, também foi pelo fim da violência contra as mulheres.

Fonte: Informativo Digital Dep. Edegar Pretto

Discurso da ministra Eleonora sobre igualdade de gênero na conferência da ONU sobre população e desenvolvimento

Painel: IGUALDADE DE GÊNERO 
Quero registrar a satisfação de compartilhar esse painel com Beatriz Ramirez, diretora nacional do Instituto Nacional de las Mujeres (INMujeres) do Uruguai; Alejandrina Germán, ministra da Mulher da República Dominicana; Markelda Montenegro de Herrera, diretora geral do Instituto Nacional da Mulher do Panamá; Ana Cristina González, da Articulação Feminista Marcosur, e Sonia Montano, diretora de Gênero na Cepal. 

Sabemos da importância do Programa de Ação de Cairo para a promoção dos direitos das mulheres em todo o mundo. E o acerto da compreensão acordada na Conferência de que o tema "população" deveria ser tratado em estreita articulação com a questão do território, do crescimento econômico e do desenvolvimento e perpassado pela perspectiva da igualdade entre homens e mulheres, pela perspectiva da igualdade de gênero, pela perspectiva dos direitos. E temos o desafio de incluir a perspectiva da igualdade racial e étnica. 

Esta Conferência coloca diante de nós, mais uma vez, a possibilidade de articularmos, de maneira contundente, a agenda de população, desenvolvimento, os temas ambientais e os direitos de todas as mulheres. E de fazermos a necessária articulação dos compromissos de Cairo, com os compromissos acordados em Beijing e Durban e nos diferentes consensos adotados quando da realização da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e Caribe, em especial, os Consensos do México (2004), Quito (2007) e Brasília (2010). 

O tema igualdade de gênero é e deve, a cada dia, ser mais compreendido como estruturante de uma sociedade democrática, pois não se concebe democracia sem esta premissa. Citarei alguns elementos para a construção da igualdade de gênero que nosso governo considera relevantes. 

O Brasil tem fortalecido as políticas de mulheres como políticas de Estado. A criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres em 2003, hoje, alçada a ministério, bem como seu fortalecimento nestes 10 anos de existência, tem sido fundamental para isto.

Este papel estratégico, desempenhado pelos mecanismos de políticas para as mulheres, precisa ser reforçado em nossos países e região. Dotar nossos mecanismos de estruturas e orçamento é fundamental para que possam atuar de forma transversal e em profundidade, e fortalecer os espaços de participação e controle social. 

A ampliação da ocupação dos espaços de poder e decisão pelas mulheres é outro tema que tem sido objeto de investimentos por parte da SPM, a exemplo de ações  articuladas  com a bancada feminina no Congresso Nacional, diferentes organizações do movimento feminista e de mulheres e com as instâncias de mulheres nos partidos políticos. 

O governo brasileiro instituiu a Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e, para torná-la realidade, implementou o Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres (acordo federativo firmado entre o governo federal e as 27 unidades federativas). Este foi estruturado em 5 eixos: i) Garantia da aplicabilidade da Lei Maria da Penha; ii) Ampliação e fortalecimento da rede de serviços para mulheres em situação de violência; iii) Garantia de segurança cidadã e acesso à justiça; iv) Garantia dos direitos sexuais e reprodutivos e enfrentamento à exploração sexual e ao tráfico de mulheres; e, v) Garantia da autonomia das mulheres em situação de violência e ampliação de direitos. 

Em março de 2013, foi lançado o Programa Mulher Viver sem Violência, com recursos de R$ 265 milhões para serem executados pela SPM, Ministério da Saúde, Ministério da Justiça, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Este programa prevê seis ações: Casa da mulher brasileira, centros especializados nas fronteiras secas, ampliação do Ligue 180, campanhas educativas, ações interministeriais para humanização, adequação dos hospitais de referência e IML e entrega de 54 unidades móveis para o enfrentamento à violência nas zonas rurais e floresta. 

A Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 foi criada, em 2005, com o objetivo de orientar as mulheres em situação de violência sobre seus direitos e os serviços disponíveis para atendimento de suas demandas. O serviço faz dois mil atendimentos por dia, tendo atingido a marca de três milhões de registros desde a sua criação. Estes atendimentos abrangem acolhida, prestação de informações sobre os órgãos da rede relativos à segurança pública, sistema de justiça, saúde e serviços de assistência social. Essa demanda deve ser ampliada, uma vez que a Central passará a funcionar também como um disque-denúncia.  

Para alcançarmos a igualdade e a equidade entre os sexos é fundamental enfrentarmos de maneira incisiva também o tema da violência de gênero e articularmos programas que ampliem a autonomia das mulheres. Seguramente esta autonomia será fortalecida pela diminuição do tempo despendido pelas mulheres na reprodução da vida -cuidados de crianças, idosos, enfermos e afazeres domésticos. Esta dupla carga de trabalho as penaliza. 

A tolerância com qualquer violência e com qualquer forma de sua express?o tem de ser abaixo de zero. Nesse campo, destaca-se a aprovação da Emenda Constitucional 72/2013, também conhecida como a Lei das Domésticas, que assegurou aos quase sete milhões de trabalhadores domésticos todos os direitos já assegurados aos demais, pela nossa legislação do trabalho, retirando todas essas trabalhadoras do regime de trabalho escravo. 

O tema da saúde das mulheres e dos direitos sexuais e reprodutivos também tem sido objeto de políticas públicas. Elas promoveram avanços na redução da mortalidade materna em todo o Brasil, a qual decresceu para metade (51%) nos últimos vinte anos (1990/2010). 

A Presidenta Dilma Rousseff promulgou, no ultimo dia 5 de agosto, o Estatuto da Juventude que consolidou a prioridade dada pelo governo brasileiro à promoção da autonomia, dos direitos e da participação dos e das jovens. Para nós, é fundamental que os foros de declarações internacionais tratem infância e juventude de maneira distinta. As criancas necessitam de proteção, enquanto que a juventude precisa de estímulos e condições para tomar suas próprias decisões nas esferas do trabalho, da sexualidade, dos estudos e da política, entre outras. 

Sabemos que os desafios para a efetiva implementação da Plataforma de Ação de Cairo ainda são muitos e persistentes. Desses, destacamos alguns que, no nosso entender, são inegociáveis e devem merecer especial atenção: 

- Fortalecimento do Estado laico e do seu papel indutor de inclusão social e de redução das desigualdades. 

- Estados consolidados e democráticos que assegurem a toda população, em condições de igualdade, o acesso à educação, saúde, trabalho, segurança e moradia e a melhoria da prestação dos serviços públicos em geral. 

- Inclusão da perspectiva de gênero da igualdade no conjunto das políticas públicas e fortalecimento dos mecanismos nacionais de políticas para as mulheres. 

- Mobilidade urbana, com transporte de qualidade. 

- Consolidação dos nossos países e da região como território de paz e democracia e enfrentamento a todas as formas de violência e discriminação. 

- Enfrentamento da pobreza e das desigualdades, como indispensável à concretização de um desenvolvimento sustentável que inclua gênero, raça e etnia. 

- Formulação de políticas públicas que levem em conta a diversidade e a perspectiva da igualdade racial e étnica. 

- Ampliar a participação das mulheres em espaços de poder e decisão. 

- Garantir uma educação inclusiva, não-sexista, não-racista, não-homofóbica e não- lesbofóbica; e o acesso das mulheres às tecnologias. 

- Garantia e promoção da saúde e dos direitos sexuais e direitos reprodutivos. Enfrentamento à morbidade e mortalidade maternas, com especial atenção à redução das principais causas de mortalidade materna. 

- Promoção de bens e serviços públicos com qualidade para todas as pessoas, os quais contribuam para a articulação da vida familiar e pública e para o compartilhamento das tarefas domésticas e de cuidado - com a inclusão, nos cálculos globais, da contabilização do trabalho não-remunerado. 

- Promoção da autonomia econômica das mulheres e redução das disparidades de gênero no mundo do trabalho, com especial atenção à ampliação da oferta de creches e da educação integral. 

Nos últimos dez anos, o Brasil (e também muitos países da região) passou por grandes transformações ? crescimento econômico aliado a processos de inclusão social, ampliação dos serviços públicos e da seguridade social, aumento da renda do trabalho e forte aumento do emprego formal. Desse modo, promoveu transformações sociais na direção da equidade, da eliminação de preconceitos e do empoderamento das mulheres e da população afrodescendente. E, temos certeza, os acordos dessa conferência vão contribuir para o aprofundamento desse processo. 

Para crescer, desenvolver e incluir, nessa tríade de nosso governo, as mulheres são sujeitos estruturantes. Porque nós somos os pilares de uma sociedade - com igualdade de gênero, sem violência doméstica e sexual e, mais ainda, com liberdade de escolha sobre nossos corpos e nossos caminhos. 

Ao falar de desenvolvimento e população, estamos falando de gente, que nasce, que vive, que mora, trabalha e morre, marcada por diferenças sociais, econômicas, de gênero, de raça e de etnia. 

Esta é a nossa utopia enquanto governo federal. 


Eleonora Menicucci 
Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) 
Fonte: Comunicação Social Secretaria de Políticas para as Mulheres - SPM