Conhecendo as atrocidades divulgadas
nos últimos dias, impulsivamente, postei no Face “Socorro! Parem o mundo
que eu quero descer!” Era o meu desejo.
Pelos comentários na internet, Fabiane Maria de Jesus morreu na Baixada
Santista, após ser arrastada e espancada por pessoas que se arvoraram no
papel de justiceiros. Confundida com uma mulher apontada como
sequestradora de crianças, passou por um verdadeiro calvário. A acusação, mesmo
se fosse verídica, não justificaria a aplicação da justiça por pessoas sem esse
direito.
Existe o processo legal onde o Estado tem a prerrogativa de investigar, prender
e penalizar. Senão é o caos, uma situação de anomia social que desserve a
democracia e as instituições, ao Brasil. Tanto a irresponsabilidade do
internauta, quanto daqueles diretamente responsáveis pela morte, precisam
ser identificados e punidos.
Outra notícia que estarreceu o mundo civilizado, é o sequestro de 276
estudantes nigerianas para serem vendidas como escravas sexuais. Um grupo
radical islâmico chefiado por Boko Haran assumiu publicamente essa
intenção. Os terroristas condenam a educação para as mulheres, consideram um
desvirtuamento dos preceitos do Islã.
Voltei-me, então, para as causas vitoriosas em razão de grandes movimentos
internacionais.
Em 2010, a condenação à morte de Sakineh Ashtiani, pela justiça iraniana por
adultério e gravidez fora do casamento, recebeu o protesto de países, inclusive
o Brasil. A mobilização internacional, a pressão dos organismos de direitos
humanos conseguiram que fosse sustado o apedrejamento .
Malala, uma garota paquistanesa de 15 anos, que usava um blog para denunciar a
repressão desencadeada pelos fundamentalistas islâmicos contra o direito
das meninas frequentarem a escola, desafiou o poder talibã, foi baleada na
cabeça, tornou-se um símbolo da luta contra a violência, chegando a
receber o Prêmio Nobel da Paz. Na solenidade, reafirmou a luta em favor
das meninas.
São exemplos animadores a que precisamos recorrer para não nos
entregarmos à desesperança.
Temos potencial para tornar este mundo mais digno e justo. Não dá para
desistir.
Fonte - Zero Hora 07 de maio de 2014 - LÍCIA
PERES - Socióloga
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